O que matou Geralda?
A morte chocante de uma dona de casa de classe média alta continua cercada de vários mistérios. Polícia tenta descobrir se ela foi assassinada ou entregou-se a um ritual religioso
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O motivo e os responsáveis pela morte da dona de casa Geralda Lúcia Guabiraba, de 54 anos, encontrada morta com um corte profundo no pescoço, desfigurada e sem os olhos, em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo, em local conhecido como “Pedra da Macumba”, na madrugada de 14 de janeiro, continuavam desconhecidos até o fechamento desta edição, no último dia 1. Mas indícios levantados pela delegada que apura o caso, Claudia Patrícia Dálvia, apontam para algum tipo de ritual religioso.
Geralda morava na zona norte de São Paulo com o marido e o filho num condomínio de classe média alta. O marido, diretor comercial do Grupo Estado, que publica o jornal “O Estado de S.Paulo”, estava em casa quando ela saiu à 0h55. O filho só chegou às 3h05. Ao depor, ele disse que percebeu a ausência da mãe e avisou o pai. Eles não chamaram a polícia.
Geralda era uma fervorosa católica, frequentava a igreja diariamente e visitava doentes e necessitados. Conhecidos a descrevem como uma mulher tranquila e devota de Santa Luzia, considerada a protetora dos olhos. A análise da cena do crime aponta que a morte de Geralda tem vários elementos similares à suposta circunstância da morte da santa, no ano 303. Santa Luzia teria sido golpeada no pescoço e os olhos retirados por soldados romanos. Além disso, todas as imagens de Santa Luzia a apresentam segurando uma bandeja sobre a qual estão depositados dois glóbulos oculares. Geralda foi encontrada deitada de barriga para cima, com os braços abertos. Sobre cada uma das mãos havia uma bandeja. Ela estava com um terço no pescoço, sem manchas de sangue, o que sugere ter sido colocado depois do assassinato.
Ao sair, a dona de casa vestia uma roupa que usava exclusivamente em ações missionárias ou na igreja. Não levava documentos, carteira ou celular. Há a suspeita de que o carro que ela dirigia foi seguido por outro, de cor prata, que segundo testemunhas ficou estacionado diante do prédio onde Geralda morava por cerca de 1 hora. Imagem do circuito de segurança do mostra o veículo prata indo atrás do carro de Geralda, logo que ela saiu da garagem. Outras testemunhas dizem ter visto um carro cinza próximo à cena do crime.
O carro que ela dirigia e seu corpo foram encontrados próximos à “Pedra da Macumba”, na rodovia Santa Inês, 2 horas após ter saído de casa. A polícia acredita que Geralda foi morta ali, porque havia muito sangue no local. Imagens da câmera do elevador, no entanto, mostram que Geralda parecia calma ao deixar seu apartamento na noite em que foi morta, mas relatos de uma amiga e confidente da vítima (que não quis se identificar) dão conta que a dona de casa estava nervosa um dia antes do crime e queria revelar um segredo. “Ela passava a mão no cabelo, debruçada sobre o volante. Minha mãe achou que ela parecia triste e nervosa”, disse a amiga, que não estava em casa quando Geralda a procurou e nunca soube o que ela queria contar. Segundo entrevista da amiga ao Domingo Espetacular, da “Rede Record”, Geralda disse, meses antes de morrer, que havia feito algo “grave”, que a levaria a perder a admiração, mas não deu detalhes.
Próximo ao corpo estavam uma garrafa com água, provavelmente benta, e uma caneca. Os objetos teriam sido levados pela vítima num saco branco que pode ser visto nas imagens da câmera do elevador de seu edifício, assim como as bandejas colocadas em suas mãos. A polícia apura se os resquícios da substância branca achada na caneca era chumbinho (veneno para ratos). Perícia no computador da vítima apontou que foram feitas pesquisas sobre o veneno dias antes do crime. Segundo a reportagem do Domingo Espetacular, há indícios de que ela ingeriu o veneno. A polícia quer saber se a cena do crime sinaliza para algum tipo de ritual macabro. Se isso for confirmado, resta saber se ela se ofereceu ao sacrifício ou se foi levada até a “Pedra da Macumba” contra sua vontade. O caso corre em segredo de Justiça.
Perguntas sem respostas
A polícia não tinha nenhum suspeito para o assassinato até o fechamento desta edição, no dia 30. Os investigadores tentavam montar o quebra-cabeça do cenário do crime. Veja a seguir as principais perguntas que estavam sem respostas:
1- Qual era o segredo que Geralda pretendia contar para uma amiga um dia antes do crime?
2- O que significa a posição dos braços e os objetos encontrados ao redor do corpo de Geralda? Será que eles indicam a realização de um ritual macabro?
3- Esse ritual teria alguma relação com a devoção de Geralda, católica fervorosa, por Santa Luzia?
4- Geralda sabia que ia morrer? Ou ela se ofereceu ao sacrifício?
Folha Universal
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