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Decisão da Anvisa, que proíbe o uso de alguns medicamentos inibidores de apetite, gera polêmica e divide a classe médica
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A decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de banir do mercado os remédios para emagrecer à base de anfetaminas e manter o uso dos derivados de sibutramina gerou a imediata reação dos médicos. A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) já lançaram um abaixo-assinado contra a proibição. De acordo com as organizações, quando prescritos de forma correta, os remédios contribuem para a redução do peso entre obesos. Seguindo a mesma linha, o Conselho Federal de Medicina (CFM) disse que defende o uso dos medicamentos e informou que adotará medidas judiciais contra a decisão da Anvisa.
Tanto a sibutramina quanto as anfetaminas atuam no sistema nervoso central, na região do cérebro responsável pela fome. A única diferença é que os anfetamínicos inibem o apetite e a sibutramina apenas promove a saciedade.
Segundo a agência reguladora, a proibição foi baseada em estudos que constataram que os remédios anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazindol) têm baixa eficácia na perda de peso e trazem riscos à saúde do paciente. Com a decisão, todos esses medicamentos, usados contra a obesidade há mais de 30 anos no Brasil, estão proibidos de serem fabricados, comercializados, manipulados ou prescritos pelos médicos em todo o País. As farmácias e drogarias terão 2 meses para retirá-los das prateleiras. Daniel Magnoni, nutrólogo do Hospital Bandeirantes, em São Paulo, concorda com a decisão da Anvisa. “Observo grandes possibilidades de comorbidades (surgimento de outras doenças), principalmente no uso indiscriminado”, afirma.
O médico explica ainda que esses derivados de anfetaminas podem aumentar a arritmia cardíaca, prejudicando a pressão arterial, e também criar quadros de psicoses, irritabilidade e distúrbios comportamentais. “Já a sibutramina é um antidepressivo que atua no sistema central e reduz a vontade de comer. O benefício dela está na redução da compulsão alimentar”, completa. A sibutramina permanece com o uso liberado para o tratamento da obesidade, desde que o paciente apresente sobrepeso significativo e não sofra de problemas cardíacos. Além disso, médico e paciente terão de assinar termo de responsabilidade sobre os riscos à saúde, e os profissionais terão de reportar qualquer tipo de efeito colateral decorrente do uso da substância.
Reportagem polêmica
Pouco antes de tal decisão da Anvisa, a revista “Veja” apresentou o remédio Victoza como o novo aliado na perda de peso, medicamento que seria capaz de ajudar a emagrecer “até 12 quilos em menos de 5 meses”. O remédio, no entanto, é indicado somente no tratamento do diabetes do tipo 2 e seu uso indiscriminado pode causar náuseas, vômitos e hipoglicemia, o que fez com que especialistas e associações, incluindo a Abeso, criticassem a reportagem.
Folha Universal
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